Passei
novembro e dezembro de 2013 tentando uma passagem para o verão em Fortaleza,
mas estava mais caro do que ir para os EUA. Já estava desanimando quando uma
amiga veio com a solução: Cuba. Bem, acabamos não conseguindo conciliar as
férias, mas a ideia ficou em minha cabeça. Sempre pensei que um dia iria
conhecer Cuba, por toda a história, as citações de Che Guevara, mas não
imaginava que seria assim, "na próxima semana", porém não tinha mais
tempo a perder, afinal antes do Carnaval tinha que estar de volta.
Comprei
as passagens e iniciei a busca por hostels, mas me surpreendi ao
ver que não existiam. Ao buscar valores mais acessíveis só encontrava quartos
em casas de família. A idéia de início me assustou, afinal chegar sozinha na
casa de alguém que não conheço fora do meu país, com uma cultura distinta…
Olhei as tarifas dos hotéis e vi que não tinha solução a não ser arriscar.
Reservei então as passagens de ônibus entre as cidades e enviei mails para os
donos de algumas casas solicitando reservas.
Madrugada
da viagem, várias respostas no inbox. Quando abro, quase todas negativas,
não havia vaga em nenhum lugar, a não ser para a chegada. O que já era tenso
ficou ainda mais, lá ia eu “sem lenço sem documento”, sem destino, sem saber
onde iria dormir.
Chegada à Havana
Imagens
de Che e Fidel por todo lado, pichações sobre revolução ou protestos nos muros,
prédios antigos e automóveis do século passado… “Estoy en Habana”. O
táxi pára na frente de um prédio com uma fachada muito mal conservada. Se eu
não tivesse sido alertada que lá as aparências externas enganam, jamais
desceria. Bem, vou até o andar indicado e a pessoa que me recebe me leva até a
dona do apartamento. Lá dentro um lindo lugar, totalmente contrastante com seu
exterior. Sou encaminhada então até o apartamento onde ficaria com mais três
garotas. A primeira noite foi tranquila, saí para ver um pouco a cidade e
retornei.
No dia
seguinte saí bem cedo e só retornei no fim do dia. Para minha surpresa, havia um homem dormindo no quarto, então esperei até que as garotas
chegassem. Elas falaram que a dona da casa havia informado que ele também ficaria lá.
Achei estranho, pois havia alugado como apto feminino, mas ok, como agora éramos
maioria fui dormir. No dia seguinte fui falar com a responsável e ela disse que
achou que eu não iria me importar porque ele era do Rio de Janeiro (ela acha
que os cariocas são santos?!?! rsrs).
Havana
é uma cidade que todos deveriam conhecer, um lugar que respira história, um
povo que vive ainda muito voltado para o passado e uma economia muito
peculiar, que convive com duas moedas diferentes.
Passagens
rodoviárias, o dilema
Eu já havia
comprado quase todas as passagens rodoviárias pela Internet para facilitar,
exceto a primeira. Me dirigi então à rodoviária para primeira partida e
aproveitei para me informar como realizar troca e retirar passagem e fui
passando meus dados e da compra efetuada. Me surpreendi ao perceber que isso
não valia de nada, que a rodoviária não imprime passagem e que nem o computador
deles funciona (e isso em Havana, imagina nas cidades menores!!). Resumindo, se
não levar a passagem impressa terá que comprar outra. Ok, achei estranho mas
pensei que seria um problema facilmente contornável, já que em qualquer lugar
de “xerox” deveria haver uma impressora. Doce ilusão...
De volta à
Havana, ainda na rodoviária, perguntei por alguma loja com impressora e me
indicaram um hotel do tipo 5 estrelas... Pensei... não vou até lá só para
imprimir, vou até a casa onde estou hospedada ou alguma loja do centro da
cidade... e aí começou minha peregrinação....
Ao chegar à
casa, meu sorriso se abriu ao ver uma impressora em cima da mesa, logo a dona
da casa explicou que não tinha tinta porque é muito difícil encontrar em
Havana, então seu esposo só compra quando viaja. Fui indicada a começar meu
passeio no ônibus “hop on hop off” (que para nos pontos turísticos) e descer
perto do tal hotel, pois se não encontrasse impressora em alguma loja restaria
esta opção. Bem, era uma rua de comércio, com lojas, bares, depois de alguns
minutos caminhando avistei uma papelaria e confirmei que havia impressora,
porém não havia internet. Encontrei também uma loja de fotografia onde me
deparei com os mesmos “problemas”. Passei a buscar uma lan house, assim poderia
gravar em um pen drive... missão impossível...
Fui novamente
orientada a buscar o tal hotel. Entrei, meio sem graça e perguntei se poderia
usar a internet e impressora. Vi que haviam realmente vários computadores mais
antigos e impressoras, mas alegaram que estavam com defeito. A atendente me
indicou então o maior hotel da cidade (Hotel Nacional), uma espécie de
“Copacabana Palace” de Cuba, e lá fui eu com meu traje turista andarilha a usar
a impressora do hotel 5 estrelas...
Ao entrar no luxuoso salão e cruzar a área da piscina fui recebida por lindos pavões azuis que caminhavam tranquilamente entre os hóspedes. Depois de apreciar as aves e a paisagem subi enfim para a sala de internet e o valor pago para usar menos de 10 min de internet e imprimir 3 passagens foi quase equivalente ao preço de uma delas, o que era de se esperar de um hotel luxuoso... mas não tive alternativa, se não imprimisse perderia as três...
Bem, ao menos fiz um tour pela
cidade na busca da impressora e internet. Tinha idéia sobre a censura de sites
e dificuldades de conexão, mas não imaginava que seria assim quase impossível
encontrar lan house e wi-fi (embora estudantes tenham acesso nas
universidades). Ao me dar conta disso a tensão aumentou pensando como faria
então as reservas de quartos para as próximas cidades ou como acessaria mail
para ler as respostas das tentativas de reserva realizadas.... sorte que até
pela deficiência de internet as pessoas mantêm uma "conexão real" e
telefônica forte, então as pessoas que alugam quartos têm familiares e amigos
que fazem o mesmo nas demais cidades, uma espécie de rede de contatos mantendo
a mesma qualidade e hospitalidade. Foi assim que conheci e me hospedei em
Varadero,Santa Clara,Cienfuegos e Trinidad, cada uma com suas particularidades
e encantos.
(Fotos Creuza Gravina)
Oi Creuza. Gostei muito da maneira que você escreveu e das dicas que você passou. Não que Cuba seja um país para onde eu queira viajar, rsrs, mas a descontração na sua narração ficou muito legal.
ResponderExcluirParabéns. Abs, Celso.
oi Celso, que bom que gostou. A cada mês publicarei sobre um novo país ou cidade(s). Abs
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